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Foto: Quisque |
Mas o que importa é comprar,
As aves aqui são pombas,
Não tem árvore pra sabiá,
Se um emenda um assovio,
A buzina logo vai tampar,
As negras hoje são brancas,
Com cabelo a alisar,
Fico feliz em assistir gente,
Que diz coisas que não entendo,
No telão, os carros são potentes,
Enquanto no metrô estou me fodendo,
Nosso céu tem menos estrelas,
Que a bandeira americana,
Nossos bosques são os shoppings,
Porque lá é mais bacana,
Mesmo assim, a vida vai seguindo,
Junto das estatísticas de lucro,
Com óculos e boné me sinto lindo,
Mesmo, na verdade, sem ter um puto,
Lutas, vampiros, perseguições policiais,
Melhor que o Saci que conheci na escola,
Prefiro batidas fortes e sensuais,
A pandeiros, poesias e violas,
Finjo falar essa língua estranha,
Mesmo sem ter aprendido a minha,
Lá tem Mickey, Garfield, Homem-Aranha,
Enquanto na minha terra só tem Cebolinha,
Em sonhar, acompanhado, na balada,
Sonho um dia em deixá-la,
Minha terra tem muito iPhone,
Mas tem poucas lojas Zara,
Busco discos de carne rápida,
E bebidas quentes com meu nome no copo,
Deixo a tapioca para gente ultrapassada,
E uso tênis caro para mostrar que posso,
Eu preciso de objetos e comidas,
Para rechear esse empadão,
Vencido pela falta de patriotismo,
E pelo atual preço do feijão.
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