quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Não Tá Tranquilo e Nem Favorável

Foto: Disney/Divulgação
Parece que aqui todo dia é festa do nada, todo dia é dia de dar risada. Ninguém vem, em massa, para pular e jogar confete, pisando em cima dos manuscritos antigos. Que morram as mulas e os sacis, cujo linguajar anda complicado demais. O nada está na boca de muita gente, o nada assalta espaços de nada, já que nenhuma página será lida. Palavras soltas, despejam, querem que faça sentido a aleatoriedade que acharam no dicionário sem ler o significado. A piada é o corpo, a piada é a reprodução, a piada é reproduzida, e o corpo reproduz a piada, porque ela, em si, não é nada.  E nem quem conta.É o palco da patifaria sem sentido e do vazio deixado pela falta de ser algo. O negativo não anda em mãos, está guardado e esquecido num cofre pouco visitado. É ignorado, mas está lá, se inundando em nitroglicerina, perigosa. Mas sorrir, dando aquele jeitinho de tapear o cadeado, fazendo-o derreter com vela acesa, resolve tudo. Acham, pelo menos. Aceitam as mentiras que contam a si mesmos todos os dias. Oh sim, tudo é perdoado e resolvido, e que os esquentadinhos saiam do caminho com suas regras obsoletas e preciosismos exagerados. Por que atrapalhar a curtição dessa deliciosa taça de nada, com purpurina, confete e piada para acompanhar? O coro, contente, grita e não tem medo da própria voz, que diz confete e purpurina. Não tem medo, e isso é o único atributo a ser invejado aqui. De resumo em resumo, a vida se torna um resumo e não um romance, mas não esquentem, aproveitem a festa do nada, meus caros. Usem o texto do defunto que morreu por sua obra para matar a obra que morreu depois do texto do defunto. Mas, em verdade, vos digo, pobres vítimas da tela distorcida e colorida: nem sempre a piada vai salvar vocês.

Nenhum comentário:

Postar um comentário