domingo, 27 de abril de 2014

Dizendo Adeus às Coisas

A coisa que mais dói no mundo é o adeus, sem sombra de dúvida. Aquela sensação de: aquilo se vai, fico eu. É como brincar por horas com uma pipa no céu e depois vir um vento muito forte e soprá-la para bem longe de você, sem tempo para despedidas. E isso acontece com tanta frequência que é difícil não viver temendo o mais novo adeus que está por vir.

Primeiro começa com coisas imateriais e extrafísicas, que parecem sem importância num primeiro momento, mas que depois são motivos de algumas crises. A festa incrível do amiguinho, que acaba, aquela tarde chuvosa regada a bolinhos de chuva, que acaba, aquele programa que você tanto espera passar para poder curtir e dar risada, que acaba, aquele sábado ensolarado e feliz, que acaba.

Ficam lembranças, sim, mas seria melhor que nada ficasse. Afinal, o que são as lembranças senão ferramentas de tortura disfarçadas, que sempre surgem nos momentos mais inoportunos? Quando são eternizadas em fotografias, pior ainda, pois estarão ali, visualmente impecáveis para te amedrontar. Aqueles sorrisos... Só de pensar que aqueles sorrisos foram desfeitos e que aquelas peles já não são mais tão macias e lisas, isto é, se é que aqueles corações ainda funcionam, dá vontade de rasgar o registro.

E aqueles sons, tão harmônicos e que descrevem, hoje, com clareza, momentos específicos de sua trajetória? São a tortura melodiosa e vulgar que te leva aos cantos mais esquecidos de suas memórias, te fazendo rir novamente, e chorar em seguida. E o que dizer daqueles filmes, feitos na época em que as coisas eram mais felizes? Tudo isso acabou. Tudo ficou velho. Você ficou velho.

Bom, acho que dizer adeus às coisas não é o forte de ninguém, principalmente quando as coisas são pessoas. Mas, pra falar a verdade, acabamos dizendo olá para outras, mas temos que nos preparar antecipadamente. Afinal, é por pouco tempo.

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