domingo, 20 de abril de 2014

O Outro

O outro não veio de um útero,
O outro veio de uma mente fragilizada,
Foi se instalando bem devagar,
Como quem não queria nada,
Mas depois de algum tempo,
Em belas madrugadas,
Começou a mandar e desmandar,
Virou a vida dele de cabeça pra baixo,
Até que ele começasse a pensar,
Que o problema era simplesmente respirar,
Então quis buscar conforto onde havia prego,
Quis sentir um sabor doce num pote de sal,
Quis usar a dor como se fosse um remédio,
Mas não obteve sucesso, ficou mal,
Foto: Caminho Poético
O outro triunfava com frequência,
Desligava a TV, lembrava de compromissos importantes,
Não o deixava pensar em nada irrelevante por mais de dois minutos,
E também não admitia danças,
Até que um dia ele foi percebendo que o outro tinha fraquezas também,
Essas fraquezas poderiam ser combatidas com a força dele,
Começou a ignorar o outro, que gritava, chutava, esmurrava a porta,
Mas ele passou a não abrir a porta para o outro,
Entretanto, em ocasiões especiais, ele o convidava para comer torta.

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