terça-feira, 14 de outubro de 2014

HENRI e Seu Labirinto

HENRI levava muitas crianças para seu labirinto. As crianças iam, despreocupadas, depois de deitarem, pois o HENRI era engraçado e divertido e era difícil alguém com essas características não ser um bom bichinho. HENRI era comprido, esquelético, branco e usava uma capa gigante de cor preta, que não agradava muito, mas ele tinha dentes pontiagudos engraçados e olhinhos pequenos que pareciam jabuticabas, o que encantava os baixinhos. Um dia um menino que não tinha a menor intenção de visitar o labirinto acabou caindo nele. Era um lugar um tanto nojento e fedido, tinha pipoca para tudo quanto era lado: elas constituíam uma parede de caramelo toda grudenta e asquerosa. HENRI não gostava de pipoca, mas as crianças sim. Aquela criança em especial, porém, não. Ele foi procurando um jeito de sair. Depois de grudar, acidentalmente, sua mão no caramelo, ele saiu correndo de um lado para o outro, assustado, com a nuca, as costas e as mãos suando feito uma bica. Encontrou HENRI no fim do labirinto, perto de uma passagem, e olhou fundo naqueles olhos pretos e enigmáticos. Ficou com muito medo, ainda mais quando percebeu que, acima do labirinto, o céu era meio preto e meio rosado e não parava de piscar e mudar de cor. HENRI sorriu e seus dentes estavam vermelhos, como se tivesse gengivite. Ele estava saboreando o pedaço da última criança que botara na boca e cuspia os intragáveis ossos que lhe incomodavam a mastigação. O menino correu para outra direção, mas não havia como sair do labirinto sem passar por HENRI, que cuspia agora uma clavícula em uma pilha de dejetos que um dia foram outras crianças. O menino, felizmente, acordou, e rezou para nunca mais sonhar com o HENRI. Mas o HENRI o encontraria pra sempre.

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