segunda-feira, 2 de março de 2015

A Vida é Estranha

Foto: Danilo Bandeira
Ainda tento entender porque a vida é tão estranha. Se estou parado, estou sofrendo. Se vou à luta, estou apanhando. E então fico nesse carrossel de tristeza , onde tem lugar de sobra. Sinto que algumas pessoas podiam ocupar esses lugares. Mas elas querem rir e beber. E não posso culpá-las também. Elas não querem o mesmo que eu. Eu é que criei esse brinquedo chamado sofrer por nada. Sou seu inventor, e ele manda em mim. É ele que brinca comigo.

Queria acreditar que faz alguma diferença estar aqui. Mas no dia seguinte eu acordo e estou de cara no teclado. Não o que produz som, mas o que produz renda. E ele nem paga toda a minha comida, só parte dela. Eu não acredito mais no que produzo, e nem no que reproduzo, muito menos. Cada carácter é um suspiro, cada batimento de ponto é um precedente do aperto que está a caminho. Eu vou, em minutos, para um lugar cheio de almas que vão colar seus corpos em mim, mas sem carinho algum.

Eu queria poder desbravar o mundo em cima de uma cadeira, condenar o tédio à morte sentado na grama, ou fazer uma peça de teatro que resultasse na paz mundial. Queria poder, mas não consigo. Mas eu não consigo nem o básico, afinal de contas! Não consigo nem terminar esse texto. Tem sempre um soco que me impede.

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