terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Sem Descanso

Foto original: Junior Azuos
O despertador toca, sem pedir permissão,
Ou perguntar se pode mesmo interromper violentamente seu sono,
O galo reclama quando o Sol aparece,
Assim como eu quando preciso calçar os chinelos e beber, em dez minutos,
Meu café com leite,
Ainda há tempo de checar o correio antes de sair,
Há muitas cartas não lidas,
Muitas são promoções de lojas,
Mas nem as ofertas me salvarão da hora de correr,

Voo para um mundo de pisadas e empurrões,
Me deparo com raros casos de sorriso,
Nessas situações eu vejo esperança,
E vejo gente no escuro,
E vejo gente no silêncio, de mãos agitadas,
E vejo gente com membros faltando,
E fico me perguntando qual membro falta em mim,
Pois a ausência eu sinto,

Tem dias que todos seguem uma lógica individualista,
E percebo que estava seguindo essas regras,
Mas só quando alguém decide ser gentil de verdade,
Pois aí sinto que eu que estou sendo selvagem,
Tentando furar a fila, pois virou hábito,
Virou instinto, e rotina,
E isso se tornou sinal de esperteza,
De quem não bobeia, como bobeou quando era ingênuo,
E perdeu o lugar no vagão dos direitos,

Ansiando as noites, volto à morada inquieto,
Acho várias coisas para me ocupar até a hora que o cansaço me acometer,
Penso em como mudar de vida,
Penso em projetos, pego um lápis e traço minha vida,
Traço tudo o que não anda acontecendo,
Traço um sorriso almejado,
Durmo debruçado em cima dos projetos e sonho com eles,
Ou nem sonho, de tão cansado que meu corpo está,
Simplesmente durmo,

O despertador toca, sem pedir permissão,
Ou perguntar se pode mesmo interromper violentamente seu sono,
Tudo (re)acontece, como se eu estivesse amaldiçoado,
A viver sempre o mesmo dia,
Chegam os dois sonhados dois dias sem tarefas,
E, não satisfeito, vou lá e me encho de tarefas,
Para não ter que enfrentar minha existência vazia,
Não pensar nela,

Preencho o fim de semana com um pouco de tudo o que falta,
Se nos cinco dias falta comida, como nos dois,
Se nos cinco dias falta alegria, sorrio nos dois,
Se nos cinco faltou sono, esse eu fico devendo,
Sei que devia deitar e nem levantar mais,
Para compensar quando não pude desmaiar,
Mas, ao mesmo tempo,
Parece que prefiro viver sem descanso algum,
Do que descansar sem viver.

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