sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

O Falso Progresso

Crédito: Quisque
Parece que a visão de progresso, que existe por tola comparação com os nossos antepassados, não tem mesmo fundamento. Afinal, o progresso é medido de que forma? Hoje consumimos cada vez mais, substituímos o bom pelo melhor, exploramos ao máximo o que a natureza já quase não tem. E a troco de quê? Do progresso? Não progredimos, muito pelo contrário! Cada vez mais nos afundamos. Os povos "primitivos" tinham maior afeição por tudo que lhes era dado e simplesmente idolatravam os fenômenos naturais, até criavam deuses para explicá-los. Nós, além de os abominarmos, reclamando sempre de muita chuva ou muito sol, também provocamos catástrofes com insaciável estupidez. Avançamos na tecnologia e esquecemos de avançar nos fatores mais primários da vida. Nos achamos melhores que os deuses enquanto devíamos adorá-los por eles nis fornecerem tudo o que precisamos em primeira instância. Mas agora, que a maçã vem em caixa e o afeto é online, o real está desaparecendo das nossas vidas. Nos contentamos com o que fazemos ao invés de questionarmos por que fazemos. Somos peças de construção, não mais construtores. Construtores inventaram o progresso para que justamente não precisasse mais haver construtores. Há muito perdemos esse cargo ocupado hoje por quem nos representa livremente, usando o nosso suor para deixar seus drinques ainda mais saborosos. Os mistérios que deveríamos enxergar são ignorados, deixados de lado, já que temos coisas "mais importantes" para fazer. Cremos no progresso que não existe. Cremos naquilo que, na verdade, está circulando próximo e em torno do próprio destino deplorável que nos aguarda. Continuamos cavando, insatisfeitos, mesmo já tendo chegado ao fundo. Não nos contentamos, não é tempo de se contentar, é tempo de crescer, de progredir, de ter, de ter, de ter, consumir, consumir, consumir. E de jogar fora o que já está velho, é claro. Estamos então insatisfeitos com coisas desnecessárias, enquanto a verdadeira insatisfação devia estar presente em assuntos bem mais humanos e igualitários. O falso progresso que vivemos é revoltante e burro. Os antigos estavam bem mais próximos do progresso, e essa sabedoria morreu com eles.

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