domingo, 30 de março de 2014

Casa, Mas Só de Vez Em Quando

Às vezes a nossa casa não é a nossa casa. Às vezes ela é tudo, menos uma casa. Nela tem a cama da gratidão, a água da necessidade, a mesa do apoio. E às vezes nada disso tem em casa.

Em alguns momentos casa é o caminhar, o se locomover. Casa é o pôr do sol, um campo verdejante, a areia que não incomoda. Em alguns momentos casa é uma outra pessoa, que não mora na nossa casa. Em alguns momentos, casa é tudo, menos a nossa casa de fato. Casa é uma lágrima, um grito, um tapa, é sair correndo; em alguns momentos é isso que é uma casa. 

Nem sempre nossa casa é confortável o bastante para nós. Nem sempre ela enquadra nosso medo, nossa frustração, nossa fúria. Nem sempre ela está ali, às vezes ela está ausente; e ainda tem dias em que ela está tão presente que nos incomoda, e aí nos vemos obrigados a sair de casa, buscar uma nova; e ao buscar uma nova, nós encontramos tudo, menos uma casa. E aí, sem opções, voltamos para casa. 

De vez em quando, dá vontade de limpar, encerar, amar sua casa. Isso é em momentos de pleno sol interior e determinação, porém, de vez em quando, não dá vontade de fazer absolutamente nada por ela, mesmo sabendo que ela nos abriga e nem sempre damos algo em troca para calar essa boca de concreto. De vez em quando, ela nos invade, nos questiona, quer dar dor de cabeça. E queremos mais é que ela explora e morar debaixo da ponte parece mais convidativo. 

Casa é repouso? Refúgio? Local de meditação? Tem dias que sim. Casa te deixa feliz? Te deixa abrigado? Te deixa tranquilo? Tem dias que não.Talvez casa seja algo em eterna contradição. 

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