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Foto: Quisque |
Ele olhava para o céu e encarava o sol como se fosse um Deus a ser reverenciado, e talvez fosse. Tinha inveja dele, pois ele estava ali, suspenso no universo, e não tinha que resolver problemas horríveis, como sair daquele prédio quase totalmente submerso, com a exceção da cobertura onde o órfão imaturo se encontrava. Ele pensou em nadar, mas se lembrara que uma vez quase se afogara tentando. Pensou em saltar até outro prédio quase que totalmente submerso como aquele, e ir pulando de cobertura em cobertura até chegar em uma cidade que estivesse menos inundada que aquela, ou que tivesse algum sobrevivente, mas lembrou-se de que, meses atrás, quando tentara saltar sobre uma poça e outra, acabara molhando a barra de suas causas de um jeito deveras desastroso, e acabara passando vergonha da frente de férias pessoas respeitáveis e de smoking quando chegara molhado em uma festa social.
Mais Um pensou, por fim, em pedir ajuda. Gritar até não poder mais para, quem quer que fosse, ouvisse e viesse em seu socorro. Porém, ele não queria que quem quer que fosse pensasse que ele não era capaz de sair de lá sozinho. Então, ele desistiu dessa ideia e ficou lá. Por muitos anos.
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