terça-feira, 13 de outubro de 2015

Cabeça Baixa

Te mandaram engolir o choro,
E você ficou ali tentando,
A barriga doendo, os dedos coçando,
E você não podia roer a unha,
Talvez tenha faltado comer terra,
Ou então cola, nunca se sabe,
O certo é que o errado às vezes te derruba,
Mas pode ser para te ensinar a levantar sozinho,
Risada não era permitida, e você mordeu o lábio que tremia,
Opinião era coisa de gente enfadonha,
E você não disse nada,
E tudo isso foi se misturando no seu estômago,
E se transformando numa massa que nunca foi evacuada,
Algo desconhecido, que ninguém quer, mesmo que possa ser bonito,
Pois confundem os conteúdos,
Como confundem a própria vida com a do outro,
Mas sim, você uma hora se tocou disso, espero,
Percebeu, eu acho, que não havia nada de errado com você, ou com seu comportamento,
Inconveniência é outra coisa,
Percebeu que a rigidez te deixou mais frágil,
E diziam que ainda faria o contrário,
Foto: Pixabay
Garantiram,
Mas tudo bem, você resistiu,
Então levantou a cabeça e endireitou a coluna,
E passou a olhar todo mundo no olho,
E a pisar o pé inteiro no chão, 
Pois você nunca teve que ter vergonha de nada,
Nem de quem é, nem do que estava descobrindo ser,
Nem do que não sabia sobre si,
E pulou dos alfinetes que estavam no caminho,
Desviando-os,
Com o olhar baixo, sim, mas no horizonte também,
Pegou de volta o controle sobre si mesmo, o assumiu,
E começou a usar sozinho seus próprios pés,
Usando-os inteiramente para tocar o chão,
A fazer seus caminhos, às vezes tortos,
Mas seus,
Espero mesmo que tenha feito isso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário