quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Percebendo

Arte: Andy Kehoe
Abracei-me num círculo,
Para eternizar minha tristeza,
Notei que respirava acelerado,
Mostrando agitação,
Mas pouca certeza,

Envenenei-me de açúcar,
Para diluir minha impaciência,
Senti que eu sofria,
Principalmente por receio,
E inexperiência,

Afoguei-me no barro,
Para esbarrar com minha essência,
Vi que em meu escarro,
Também havia dúvida,
E muita displicência,

Congelei-me no sol da serra,
Para derreter minha frieza,
Observei que as lágrimas eram quentes,
Mas sempre vazias,
Como a nossa despensa,

Arrisquei-me na mata sem trilho,
Para esquartejar a minha inocência,
Avaliei que andava armado,
Mas com a cabeça de um filho,
Que nunca seria pai como sentença,

Entreguei-me ao largo sorriso,
Para que sangrasse minha descrença, 
Experimentei cascata e enxurrada,
Com a alma emoldurada,
Em festiva desavença,

Recolhi-me num triângulo,
Para repensar minha existência,
Percebi, por fim, que pisava leve,
Fora do ângulo, 
Sem presença.

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